Passeava com o meu pequeno quando senti um cheiro de comida de vó. Parei. Respirei fundo. Queria aspirar todo o sabor daquele refogado. Queria me inundar daquela sensação.
Era exatamente o cheiro da comida da minha avó. Engraçado o efeito que comida de vó tem na gente. Acho que é porque ela vem acompanhada de família reunida dando risada em volta da mesa, de sossego, de aconchego, de colo que sempre foi seu, de olhar carinhoso, de histórias contadas com olhos marejados de saudade, de amor incondicional. Além de ser uma delícia, mesmo. Tempero de vó é único.
Sempre foram muitas as especialidades da minha avozinha. Minha boca inunda só de pensar no frango ensopado com polenta regado ao meu avô consertando relógios na oficia; no arroz de Braga quentinho com causos também quentes das minhas tias de Minas; no pavê de chocolate cheio de lembranças lindas de quando meus avós se conheceram... Tanta coisa boa.
Meu avô se foi há alguns anos e com ele, uma parte do tempero especial. Algumas especialidades não mais podem ser feitas, outras permanecem, porém com menos brilho. A casa não é mais tão alegre, o som dos vinis não preenche mais os cômodos, os relógios antigos param e assim ficam, os olhos da minha avó por vezes voam longe e voltam úmidos, sentidos.
A família continua, porém, em volta da mesa, o aconchego, o colo, o olhar carinhoso e o amor incondicional permanecem por lá, esperando pelos netos agora grandes, donos de si, mas ainda ansiosos pelo carinho de vó. O cheiro dos quitutes é também o mesmo. Delicioso, transformador de humores. Senti-lo hoje mudou o meu dia e me levou a um passeio saudoso e emocionado por esses pensamentos. Amo você, vovó. Saudade, muita saudade do vovô.
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