Acabei de chegar em casa depois de assistir ao filme de Sex and the City. Confesso que nunca fui fã ardorosa da série, apenas acompanhava por alto a saga das quatro mulheres quando, por coincidência, mudava de canal e elas estavam no ar, dando sopa. Gostava mas não amava. A série era para mim, OK.
O filme, porém, é uma delícia. Duas horas e tanto de diversão leve e de risadas decompromissadas. Ele não demanda raciocínio, grandes reflexões, não é transformador do indivíduo ou da sociedade, não tem nenhuma pretensão de oferecer nada além de uma sensação de bem estar. Ótimo mesmo assim. Cumpre a proposta com méritos e é realmente divertido. Recomendo super para a Sessão da Tarde.
Não é sobre Sex and the City, entretanto, que quero falar. Minha temática é outra. Ela surgiu durante o filme e foi, indiretamente, por ele despertada, arremessada em mim pelo casal sentado ao meu lado durante a sessão. Pela metade fêmea do casal, para ser mais exata.
Lá pelas tantas no meio do filme, em uma festinha descolada de Nova Iorque (que saudade daquele lugar...) dois homens se beijam para comemorar o reveillon. E não imaginem um daqueles ósculos estilo desentupidor de pia que deixariam a minha avó da cor de um tomate. Nada disso, foi um beijinho comportado, um quase-selinho, um nada. Totalmente justificado na cena, totalmente apropriado, normal.
Pois não é que a tapada ao meu lado (eu devo usar sem saber um bat-atrativo de tapados, não é possível...) me soltou, em meio a um risinho nervoso, um “ai, que nojo... Credo!”, em alto e bom tom? Em pleno século XXI, depois de trocentas paradas gays em Sampa e no mundo inteiro, depois de dezenas de casais homossexuais nas (quem diria) novelas da Globo enfiadas goela abaixo dos brasileiros cabecinha, depois de dúzias de filmes holywoodianos, bolywoodianos, europeus, brasileiros e intergalácticos sobre o assunto e ainda por cima, em um cinema na cidade de Campinas, juro que não esperava nada parecido com essa reação. Faça-me o favor, dona tapada: cresça.
Por incrível que pareça, a famigerada globalização que derruba mercados, moedas e barreiras de todos os tipos ainda não conseguiu vencer esse tipo de barreira (pré)conceitual: o que se vê na projeção de Sex and the City na telona difere anos luz do que se pensa sobre sexo (e relacionamentos) nessa cidade, nesse país. Uma pena.
No fim das contas, o tal filme despretensioso acabou rendendo uma bela reflexão. As conclusões foram desanimadoras, infelizmente, mas até o mais tapado dos mortais aprende com o tempo. Paciência.
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