segunda-feira, 23 de junho de 2008

Lilo

Sabe aquelas coisas que você vê por aí, mas nunca acha que irão acontecer com você? Pois é, elas acontecem.

Já aviso que esse texto é desabafo puro, lavagem de alma, regurgitação. Queria muito me livrar desse sentimento que me aflige nesta época do ano, escrever ajuda.

Pois bem, que seja.

Dia 4 de junho de 2005, sábado de sol, meu aniversário. Eu assobiava pela casa e me arrumava para ir ao ensaio do teatro. Minha mãe perambulava pela cozinha fazendo o almoço e meu pai cuidava do jardim. Meu pequeno - um mini salsicha cor de caramelo, praguíssima, doidinho de tudo, patolinhas grossas e tortas para dentro, barriga rosinha gorda, olhinhos doces e espertos, cinco meses de idade - brincava em volta do meu pai na frente da casa.

Eu estava feliz da vida. Tudo estava perfeito e aquele era o meu dia. Eu pensava na festa de logo mais quando ouvi o grito do meu pai que nunca mais me saiu da cabeça: “Ai meu Deus, atropelaram o Lilo!”.

Os brados do meu pai só não eram mais altos que os gritos de dor do meu pequeno. Saí desesperada para o jardim e o que eu vi, ainda hoje, enche meus olhos de água. O moleque se contorcia na grama, barriga rosinha para cima, vermelho escorrendo pela boca.

Eu gritava e chorava e tremia. Aquilo não podia estar acontecendo...

Estava. Pequei aquela coisinha linda com cuidado e entrei no carro com meu pai rumo ao veterinário. Incrível como três minutos são uma eternidade nessas situações. Entrei na clínica gritando, pedindo pelo amor de Deus que salvassem o meu pequeno.

Deslizei em câmera lenta pelo azulejo branco até o chão, chorando desesperadamente. Uma veterinária balançou a cabeça para a outra enquanto ele tremia e se movia pela última vez. Silêncio. Dor. Não mais a dele, mas a minha dor imensa por perder o meu amiguinho doce, inocente e feliz dos últimos meses.

Ele morreu nos meus braços naquele sábado de sol, meu aniversário.

Nunca me recuperei daquele episódio, dia 4 de junho jamais mais foi o mesmo depois daquilo. Nunca mais será.

Cinco dias e alguns Pasalix depois o Lukinho chegou e me fez sorrir novamente. Impossível, porém, substituir o meu baixinho invocado. Impossível, porém, apagar aqueles minutos – sons e imagens - da minha cabeça. Sou uma otimista incorrigível com tendências Poliânicas, mas certas situações desafiam o nosso entendimento. Ironias FDPs desse nosso destino maluco e misterioso.

2 comentários:

Menininha bossa-nova disse...

Vc sabe q eu amo o Luke, mas o Lilo era mesmo praga, do jeito q eu gosto. Tb tenho saudades, principalmente qdo lembro dele correndo em círculos na casa da sua mãe (e eu fechando a porta de vidro pra sacanear). E tb do monstro da caverna.

Mas o Lukinho tb é um fofo, e gato. Esconde dele esse texto, pq ele vai morrer de ciúmes...

Candice disse...

Ahh Juju, assim eu choro viu...
Essas salsichinhas são mesmo um encanto! Bateu aquela saudade da minha preta e do Lukinho coisa mais linda do mundo!
bjkinhas