quinta-feira, 13 de novembro de 2008

O Senhorzinho

Hoje um senhor se assustou com o Luke, pisou em falso, bateu em um degrau da pracinha e caiu para trás. Eu só olhei enquanto ele caía em câmera lenta na minha frente. Não tive tempo ou iniciativa ou sei lá para fazer nada.

Só depois que ele já estava estirado no chão, cotovelo ralado, roupa toda suja de terra, é que eu saí do transe e fui ajudar. Tadinho, ficou todo assustado, desorientado mesmo. Deu dó de ver aquele senhor, de idade já, calça social, camisa, sentado no degrau sem saber o que fazer. Ele me lembrou o meu avô. Mesmo jeitinho, mesmo olhar.

Dez segundos depois já havia quatro pessoas além de mim oferecendo ajuda para ele e perguntando se estava tudo bem. Pegamos as coisas do chão, conversamos, acalmamos. Ele puxou o lenço do bolso, daqueles lenços de vô, e limpou o sangue do braço devagar. Olhou para mim, para as pessoas, enxugou o suor do rosto e tentou levantar. Cambaleou, as pernas falhando. Nada feito. Caramba. E eu longe de casa sem poder fazer nada. Foi então que um casal cheio de compras penduradas se ofereceu para levar ele em casa. Correram até o outro lado da rua, entraram, deixaram tudo por lá e dois segundos depois apareceram com a chave na mão, todos preocupados. O senhorzinho entrou no carro com a nossa ajuda, lenço no cotovelo, as pernas durinhas... Que dó.

Pelo menos ele estaria logo em casa, o esfolado vai sarar, o nervoso vai passar, o sangue do lenço vai sair na água e ele vai ficar bem. De permanente só a lembrança do susto.

Apesar de tudo voltei para casa com uma sensação boa. Existe mesmo gente do bem nesse mundo. Algumas pessoas, perdidas por aí. Como aquele casal que parou tudo para levar um senhorzinho desconhecido em casa, no meio do dia, em plena quinta-feira. É só uma questão de encontrar.

3 comentários:

N. Calimeris disse...

Existem pessoas muito legais no mundo, sim, Ju. Conheço umas tantas. Hoje, eu pedi uma pizza e não aguentei comer.Ia trazer para casa e estava lá o guardador do carro, eu sem trocados e pensei: puxa! isso vai ficar na geladeira mofando. Então, voltei e dei para ele. Sei lá! Fiquei pensando em todas as vezes que chorei porque precisava... enfim, a gente se compadece. Hoje, lembrei de você ao ir a um banheiro público com gancho na porta e sorri intimamente. =D

Ju Hilal disse...

Oi Georgiana,
pois é, menina. Faz um bem encontrar essas pessoas, parece que a gente volta a acreditar em algumas coisas.
Que bom que você lembrou de mim, mesmo que em uma situação tão...exótica.
rs
Beijão

Tatiana disse...

Eu sempre acredito na generosidade da raça humana. Eu recebi, e recebo, provas concretas disso.
E é nesse meio, dessa forma, que eu quero viver.