terça-feira, 3 de março de 2009

40 graus


Hoje um carro pegou fogo na minha rua.

Ah, os dias de verão...

Sério, estava tão quente que o carro entrou em combustão espontânea parado no semáforo.

Eu a três passos da entrada de casa e o trânsito parou completamente. Não andava meio metro a desgraça. Uma fumaça preta começou a subir lá na frente e aos poucos o povo foi saindo dos carros, as pessoas saindo das casas, as cabecinhas aparecendo nas janelas dos prédios. Os velhinhos todos foram para as calçadas. O banco do meu prédio que nunca tem ninguém, ficou cheio de buzanfas de senhorinhas assanhadas. As pessoas desceram dos ônibus, as sirenes começaram a tocar.

A essa altura a fumaça já era imensa e de longe eu via um fogo enorme, coisa de filme. Logo depois as sirenes ficaram altas e só se via uma névoa branca e luzes de polícia.

Um bom tempo depois o pessoal que trocava a maior idéia no meio da rua percebeu que a coisa ia começar a andar, entrou nos carros e sumiu cada um para o seu canto. As senhoras se recolheram, as janelas esvaziaram. Lembrei até da Banda do Chico.

Eu cheguei em casa, deixei o carro na garagem e saí para saber que diabo tinha acontecido. Sim, eu sou o cúmulo da curiosidade.

Bom, o que eu descobri foi que o carro do cara, que era a gás, não agüentou o tranco e resolveu virar churrasquinho por conta própria. Cá entre nós, a instalação do tal gás não deve ter sido lá uma maravilha. O coitado do dono do carro estava desolado. Um pintor, voltando para casa depois de um dia suado de trabalho, sujo de tinta, sem seguro e agora sem condução. Ainda por cima sobrou para o moço responder a um monte de perguntas do policial com cara de poucos amigos, e pelo jeito a noite dele ainda ia ser longa na delegacia. Eita.

Desgraça quando tem de vir, vem com gosto, mesmo que você não esteja fazendo nada, paradinho no sinal. Olhar a água e o óleo do motor de vez em quando podem, porém, fazer alguma diferença nesses dias de 40 graus.