sexta-feira, 6 de março de 2009

Chopp e as Manicures

- A senhora gostaria de um chopp? Disse o moço vestido de roupa alemã com uma bandeja cheia de calderetas suadas circulando no meio do salão das manicures.

Eu de mini saia com as pernas para cima.

- Não, obrigada.

Chopp, cerveja, essas coisas nunca foram a minha onda.

- Não acredito! Disse a manicure com o meu pé no colo, colocando as duas mãos na cabeça e olhando para mim como se eu fosse um ET sanguinolento.

- Não quer? Como assim não quer? Com esse calor... Falou a outra que parou momentaneamente de cutucar a cutícula da minha mão esquerda.

- Huuummm, esse chopp é uma delicia, eu se fosse você bebia. Disse a manicure da cliente ao lado.

Olhando bem, dava para ver a baba escorrendo da boca das três.

- Eu não gosto de chopp, gente.

- Ah.... Um "ah" triplo, absolutamente inconformado. Eu era cada vez mais um ET.

Quer saber?

- Moço, ei moço! Chama o moço do chopp por favor.

Veio o alemão suado com aquela roupa ridícula em um dia de 40 graus na sombra.

- Eu quero um sim, por favor.

Esperei ele sair de perto e...

- Para vocês, meninas. Mandem ver.

Elas só faltaram me beijar na boca e me jogar para cima. Pareciam criança em volta da árvore de Natal. Olharam para um lado e para o outro para ver se a barra estava limpa e não tiveram dúvida. O líquido sumiu em três goles e dois segundos. As três começarem a gargalhar feito doidas.

O papo continuou, agora mais descontraído e girando em torno das maravilhas da cevada quando o alemãozinho paraguaio voltou trazendo outra bandeja cheia.

- Mais um, senhora?

- Ahã, pode deixar. Risinhos contidos à minha volta, aquela coisa tonta de criança que faz coisa errada.

Mesmo processo. Dois segundos, copo vazio, manicures felizes.

O cara, que àquela altura devia achar que eu era a maior boca de litro da paróquia, passou de novo, pegou o copo vazio e ofereceu outro chopp. Elas riram. Achei melhor recusar. Eu pretendia sair de lá com os dedos inteiros e as unhas vermelhas só de esmalte. Não seria muito legal se as manicures vissem três dedos onde havia um.

Fui embora rindo e ouvindo risadas atrás de mim. Um calor da morte, o dia inteiro curvadas cuidando de um zilhão de pés e mãos da mulherada, calo nas mãos, dor nas costas, cheiro de esmalte... Ô chopinho gelado merecido.

3 comentários:

Tatiana disse...

vc é uma santa!!!!!!!!!

Menininha bossa-nova disse...

Por um momento, achei que vc ia baber. Aí sim o mundo podia acabar, que não faltava mais nada...

Sandra Maria disse...

Compactuo com vc. Detesto chopp e pior, também não gosto de cerveja, ou seja, sou qualificada como uma coisa de outro mundo1 Fazer o que?