quinta-feira, 2 de julho de 2009

Rodoviárias

- Mãe, minha mão tá doendo.

- Eu não pego nessas catracas.

- 9741-9472.


- Eu sei, meu filho, eu sei.

- Tenho nojo, vai saber.

- Anota com o DDD.


- O saco tá pesado, mãe.

- Eu também tenho nojo, passo virando a bunda.

- Liga depois das dez.


- Você agüenta, filho. Falta pouco.

- Assim?

- Depois me conta o que ele disse.


- Não vai dar, mãe. Tá doendo muito.

- É. Melhor não?

- Como assim não?


- Me ajuda filho. A gente precisa chegar em casa antes do seu pai.

- Pelo menos não dá nojinho.

- Ai se você não contar.


Mãe e filho de uns 8 anos, simples, carregando dois sacos enormes de coisas muito, muito pesadas e tentando chegar em casa antes do pai. Onde será a casa, quais serão as coisas, como será esse pai? Será que o pequeno vai conseguir carregar, será que eles vão chegar a tempo?

Dois homens estilosos, muito afeminados, passando pelas catracas com nojinho e discutindo a melhor forma de fazê-lo. Por que tanto nojo de passar nas catracas? Será que eles pensam nisso a cada catraca ultrapassada? Será que eles são gays? Há-há.

Adolescente falando alto no celular lilás sobre assunto típico da fase. O que será que ele, o assunto, vai dizer?


Situações de rodoviária cercando alguém muito, muito curiosa que pira na batatinha imaginando a continuação das histórias ao redor e não se contenta em só imaginar, e coloca no blog e se acha muito, muito doida às vezes. Quase sempre. Mas que não consegue parar de imaginar.


***


- Você pode me dar licença?

- Você faz questão de sentar aqui? Eu estou cheia de bagagens e o ônibus está vazio...

Cara de fiofó para o meu lado.

- Ah, tá. Eu sento em outro lugar mas se alguém vier falar alguma coisa vou dizer que foi você.

- Claro, pode dizer.

Dêr.

30 poltronas vagas no ônibus e a criatura queria que eu tirasse as minhas 527 bagagens do banco para se apertar do meu lado, só porque aquele numerinho constava da sua passagem.

Pode?

Não, né. Claro que não.

Tem gente que acha bonito ser mala.

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