Oito quilômetros pelo meio do mato, cruzando rio, tronco, passando por uma piscina natural mais bonita que a outra e nadando em água cristalina. O caminho era de tirar o fôlego pela paisagem e pelo cansaço mesmo, trilha das boas, daquelas que parecem que não vão acabar nunca quando, de repente, do nada, no meio das árvores... Voilà. Um paredão de pedra molhada dourada pelo sol, brilhando tanto e tão enorme que foi preciso uma guinada de cabeça de 90 graus para que eu enxergasse o limite entre pedra dourada e azul limpo do céu. Embaixo da pedra, bem na minha frente, uma faixa de água verde cristalina correndo entre rocha e trilha, translúcida, raios de sol iluminando as pedras submersas. À minha direita um barulho forte-contínuo de água caindo me chamou a atenção e então eu a vi.
Cachoeira do Segredo.
Caraca, caraca, caraca.
Aquele era sem dúvida um dos lugares mais lindos que eu já tinha visto, ao vivo, em fotos ou na TV. Sabe cenário de filme do Indiana Jones? Então, isso. Setenta metros de água caindo branca, leitosa, deixando rastro de névoa pelo caminho que terminava em um poço esverdeado rodeado por um paredão sem fim de pedras recortadas pelo rio, pelo tempo. No encontro entre queda e poço, um arco-íris. Atrás da cachoeira, as pedras em degraus faziam relevos, centenas de pequenas cachoeiras que se juntavam e se sucediam até morrerem na espuma e virarem poço transparente onde a gente se jogou, gritou e brincou feito criança. Eu nadava de costas, cara de besta, e não cansava de olhar para cima, para aquela visão inacreditável que eu não queria mais parar de ver.
E então eu entendi o nome da cachoeira. Segredo. Segredo sim, porque por mais que se conte, se explique, se mostre, só quem foi até lá, deixou a água cair forte nas costas e se jogou naquele poço para saber realmente do que se trata aquele lugar.
Eu vi muitas outras coisas lindas naquele canto do Brasil. Chapada dos Veadeiros, meu povo. Cheia de gringo do mundo inteiro, muito pouco brasileiro conhece. Vi mais cachoeiras, piscinas de água quente, poços sem fundo de água verde translúcida, o pôr do sol mais colorido de todos, um céu inacreditável com estrelas que não brilham como as daqui.
Eu bebi daquilo tudo com olhos de criança, tudo novidade, tudo tão diferente das visões de costume. Até o céu era outro...
A gente devia se sentir assim mais vezes. Lugares como esses recarregam os ânimos, fazem a gente pensar e deixam imagens para onde se volta quando quer, como aquela vista de baixo, sol batendo na pedra dourada e iluminando o fundo do rio, água leitosa caindo e jogando gotas de arco-íris nos meus olhos e no meu sorriso completamente besta. Segredo.
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3 comentários:
eu também vi, lá lá lá lá lá lá!!!
Aiiiii que tudo!
Lava a alma... amei! quero conhecer!
Hahahahaha
Claro que viu, Tati. Eu só vi porque você viu!
:)
Gi, vá! Você vai amar aquele lugar.
Beijossss
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