domingo, 2 de novembro de 2008

Ser

Vou participar daqui a alguns dias do espetáculo de uma instituição para crianças com necessidades especiais. São principalmente autistas, mas existem alguns com síndrome de Down e dificuldades físicas e motoras.

O trabalho é inspirador. Esse é o terceiro ano que eu faço isso e acompanhar a superação daquelas crianças e a alegria com que elas participam do espetáculo é uma lição imensa. Maior ainda a lição dos pais que têm suas vidas completamente transformadas por aqueles pequenos especiais e se doam completamente, aprendendo junto com eles.

Eu me emociono super e umas lágrimas sempre escapam na coreografia do bailarino cadeirante Samuel e na dança das mães com os bebezinhos de colo. Arrepia mesmo, só de lembrar.

Esse ano vou fazer algumas poucas cenas e cantar três músicas, uma delas em um andaime a 4 metros do chão. Como se não bastasse, vou ser içada até o alto em uma cadeirinha de rapel e lá ficar, balançando e fazendo movimentos X que eu ainda não descobri quais são. Medo. Muito medo. A verdade é que altura e eu nunca nos demos muito bem. Pensei muito antes de aceitar essa coisa toda longe do chão mas, quer saber? Hora de vencer alguns medos. Vou fazer. Me borrando, é verdade, mas vou fazer.

Quinta tive meu primeiro ensaio e fui apresentada ao Daniel, o aluno que vai me pegar no colo, balançar e colocar na cadeirinha de rapel. Sempre que existe uma interação maior com eles é importante a identificação, a confiança. Eles precisam estar à vontade para que as coisas aconteçam. Pois bem, cheguei, dei a mão, abracei, “oi, tudo bem?” Ele me cumprimentou todo sério, distante, e assim continuou. Não gostou de mim, pensei.

Mais tarde, no almoço com os professores: “Logo que você entrou na sala e eu disse para o Daniel que era você que ele ia carregar, ele botou a mão na cabeça, fez uma cara de medo e disse - A Andressa vai me matar.” A noiva dele, gente, aluna também. Ciumenta que só ela, ia ficar fula da vida por ele me carregar no colo e fazer a cena comigo. Pode? Vou ter que me comportar direitinho. Estou de boa de me atracar com a Andressa no meio do espetáculo.

Dependendo do andar da carruagem, estar içada a 4 metros do chão talvez não seja de todo mal, afinal.

2 comentários:

Candice disse...

Queria tanto assistir! Filma vai!
Saudade,
bjkinhas

Ju Hilal disse...

Oi Can!!!!
Acho que eles vão filmar sim.
Depois a gente assite junto.
Chega logo!!!!
Beijão