Agora imaginem em um remake da produção, um garoto de 2009 voltando a 1955 e respondendo à mesma pergunta.
- O presidente dos EUA em 2009? Barack Obama.
- Quem?
- Barack Obama, um senador negro nascido no Havaí, filho de um queniano ateu de família muçulmana, com uma americana que depois se divorciou e se casou com um indonésio.
Para completar, o nome do meio do cara é Hussein, mas isso não faria a menor diferença naquela época, já que então o Saddam ainda devia brincar de foguetinhos de gude no quintal com os seus irmãos.
Fato é que em 1955 o racismo declarado e a segregação racial nos EUA eram tão grandes que a simples idéia de um presidente negro seria impensável até como piada. Brancos e negros não freqüentavam as mesmas escolas, não dividiam os mesmo assentos de ônibus, os mesmos estabelecimentos comerciais, as urnas. Naquela época o movimento pelos direitos civis dos afro-americanos estava começando a esquentar e garanto que nenhum dos ativistas, nem o mais otimista deles, poderia seriamente acreditar que os EUA teriam um presidente negro dali a cinqüenta e poucos anos.
Mas aconteceu. Hoje há um negro descendente de africanos muçulmanos no cargo mais poderoso e importante do mundo. As coisas mudam, minha gente, em muito pouco tempo. Cinquenta anos são peanuts em termos de história.
E o cara não é apenas um divisor de águas do preconceito. É também extremamente competente, inteligente, bem preparado e, até onde se sabe, bem intencionado. Formado em ciência política pela Columbia e em direito em Harvard, fez trabalhos sociais, advogou em defesa dos direitos civis e está a anos luz do seu antecessor republicano, alvo de sapatadas.
Toda emocionada, eu lia hoje o caderno especial da Folha respirando fundo.
Que ele seja mesmo o cara certo no lugar certo, no momento em que o mundo mais precisa de alguém iluminado tomando decisões acertadas.
Que ele possa fazer o que dele tanto se espera. Ser ele já é.
3 comentários:
Até eu, que não entendo nada de política, torço por isso também.
esse seu título ficou ótimo
Então... eu vi o discurso dele antes de retirar a tv a cabo. De arrepiar. Como entendo de postura de corpo, ele tem aquela postura de quem não tem o que esconder. Então, como você, desejo que esse homem traga força ao mundo. Até agora, ao digitar lembrando do discurso da posse, arrepio.
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