A gente acordou cedo com a luz do dia se esgueirando pelos furinhos da barraca e com os barulhos de mato, levantou acampamento e se mandou pra trilha.
Que trilha...
O começo foi só descida, mas uma descida daquelas que carro não encara, sabe? Daquelas que não acabam mais e que fazem a gente querer chorar só de pensar na volta?
Pois é. Caímos bonitas no conversê de um mineirinho. “Ah, são uns 7km de caminhada ao todo, ida e volta. Logo ali. Vale a pena.” Olhei para a Tati , ela olhou para mim e pensamos - sussa, 7km a gente tira de letra. Somos os caras da trilha. Vamo que vamo.
O belezinha só esqueceu de dizer que o logo ali tinha uma inclinação de uns 70 graus. Tomamos, lógico. NUNCA confie nas indicações de um mineiro. NUNCA.
OK, bora. Anda que anda que anda comendo pó até que chegamos à cachoeira.
A água forte e gelada na pele quente, nas costas doídas, é uma das melhores coisas que se pode sentir quando se quer parar de pensar. Ficamos um tempão por lá, escalando pedra, falando da vida, deixando a água lavar, levar.
Tudo passa, certo? Certo.
Bora.
Bora que a fome estava grande e o caminho pela frente era longo e íngreme.
Mais umas indicações mineiras daquelas e uma subida que não acabava nunca e a gente chegou no melhor lugar do mundo naquele momento, o restaurantezinho chamado Vale dos Girassóis.
É assim: uma casinha de desenho daquelas quadradinhas, uma porta, duas janelas, tijolo à vista ao pé dos morros, antes do vale, feijão plantado ao redor, uma horta com verduras, legumes e flores, Chico Buarque no volume certo, suco de maçã fresquinho e duas pessoas queridíssimas.
A comida é tirada da terra na horinha de comer. Verduras que eu nem conhecia saíram direto do chão avermelhado para o meu prato azul, o ovo é caipira, as flores temperadas colorem o verde e há quem diga que são afrodisíacas. Há quem diga... Eu não estava em um dia para conferir mas quem sabe... Não duvido.
O papo bom, fácil, divertido fez a gente ficar, ficar. Quando o sol já estava baixando fomos embora de barriga cheia, alma lavada, cabeça tranqüila, e a subida da volta nem fez tanto estrago quanto a gente tinha imaginado. Umas panturrilhas doídas e só.
O Vale dos Girassóis é desses lugares especiais para se voltar de quando em quando. Refúgio mesmo, botão de reset. Sempre que der vou aparecer por lá para recarregar a bateria, acalmar o peito e quem sabe dia desses comprovar aquela história das flores afrodisíacas...
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3 comentários:
Sempre é bom viajar com você, minha amiga querida, valente, aventureira, destemida e atlética. Minha ÚNICA companheira para esse tipo de programa.
Adoro!!
É fato: logo ali de mineiro mata qualquer carioca... Já cai muito nesse conto de vigário. Agora, de já passei dos 35, nem me dou ao luxo!
Mas que a cachoeira devia estar massa... Ô trem bão!
E obrigada amiga por nos apresentar ao Vale dos Girassóis, que é realmente de tirar o fôlego de tanta simplicidade.
Vamos nos enfiar em outras logo mais, hien?
beijos e saudades
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