sexta-feira, 15 de maio de 2009

Desconexão

Falávamos de desconexão.

Eu sempre me pego prestando atenção nas pessoas ao redor. Às vezes eu exagero e quem está comigo pergunta: conhece? Não, não conheço, mas tem horas em que eu tenho muita vontade de conhecer. Algumas pessoas me intrigam tanto...

Vocês já repararam na quantidade de casais que saem para jantar e que passam a noite toda sozinhos, monologando, olhos virados para dentro?

A outra pessoa está ali, os dois estão ali fisicamente juntos por espontânea vontade mas não há qualquer conexão. Como assim? Tá, pode até ser que o dia deles tenha sido ruim, que a fase esteja estranha, que alguma coisa terrível tenha acontecido, mas o que eu vejo na maioria das vezes é um tédio gigantesco pairando ao redor e um total desinteresse pela pessoa sentada ali, do outro lado das comidas.

Agora me explica prá quê. Prá quê? Que relações são essas?

Estar junto não é nada disso. Isso é dizer que está, isso é preencher casado na ficha do clube e dividir o custo do plano de saúde.

Estar junto é uma coisa totalmente outra. É sair para jantar querendo muito estar ali, olhando no olho, mirando na alma, conversando sobre tudo, sobre o dia, sobre o filme novo do Almodóvar, sobre a gripe suína, a festa dos 90 anos da vovó, o sentido da vida, o aperto no peito. Estar junto é perguntar querendo mesmo saber. É se divertir fazendo compra de produto de limpeza no supermercado segunda-feira à noite, morrendo de rir, e chegar em casa doido para dormir de conchinha.

Estar junto é se sentir sempre menos só, muito menos só.

Eu sei que isso tudo pode soar muito besta e que parece álbum do Amar é, mas o que eu posso fazer se é isso mesmo?


E se não for assim é melhor que não seja.

Estar junto, junto mesmo, faz todo o resto muito mais divertido e não tem nada a ver com essa coisa que as pessoas fazem solitárias em pares nos restaurantes por aí.

3 comentários:

Tatiana disse...

Você é uma criaturas que saber ser e estar junto.

Eloá disse...

Um dia me peguei observando a mesma ausência de conexão entre um casal separados por uma mesa vazia... estaria vazia se não fosse o próprio vazio preenchendo a distãncia entre eles.

...

mundo louco, né amiga?

Ju Hilal disse...

Mundo louco, Lô.
Pessoas tristes, né?