sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Folhetim Vagabundo - História 2



O começo dessa história você vê aqui: http://derrubandoparedes.blogspot.com/2009/10/folhetim-vagabundo-historia-ii-capitulo.html

* Leia ouvindo isso: http://www.youtube.com/watch?v=iw7bpnNIKbk

Folhetim Vagabundo - História 2, parte 5

Tão previsível, pensou.

Quando ele entrou no saguão esbaforido, ela tirou do seio o envelope dobrado e entregou-lhe, mão estendida e sorriso de canto de boca estampado na face.

– Tive instruções de te entregar, caso você voltasse.

- Que porra é essa, Sônia? Quem te instruiu?

- Tive instruções para não te dizer...

Ele rasgou o envelope e abriu apressado o papel:

"Assustou, foi? Eu sabia que você ia pipocar, Odair. Cuzão e sem miolos como você é, sabia que ia voltar correndo para o único lugar onde te aturam e te dão colo. Às custas de quem? Do meu dinheiro, seu bastardo argentino de mierda. Como eu já estou me divertindo com isso tudo, vou te dar uma dica para ver se os seus neurônios conseguem se entender aí no ermo da sua cabeça:

O enterrado vivo suas marcas lá deixou
A grana não encontra quem viu mas não olhou."


Ele franziu a testa e pensou, pensou... Será? Estava confuso. Sônia podia ver as engrenagens girando na sua cabeça. Que dica foi essa, merda? Mania filha da puta desse velho maldito de falar em códigos.

O celular disparou o seu tango dramático e ele quase perdeu as bolas de tanto susto. O display espelhado piscava “Cosmo”.

- Caralho, Cosmo! Onde você tá? Que sumiço foi aquele no cemitério?

- Onde você está, Odair? Eu saí pelo cemitério para ver se estávamos sendo observados. Olhei tudo. Vasculhei aquela jossa inteira para ver se o velho não estava à espreita rindo da nossa cara. Nada. Sem viv’alma, como diria a mamãe. Depois voltei e você tinha sumido, cara. Foi aonde? Crise de diarréia de novo? Tô aqui esperando, tentando pensar...

- Eu vim para Itu falar com a Sonia. Ela me recebeu com mais uma maldita carta com dica do velho. Olha só: “O enterrado vivo suas marcas lá deixou, a grana não encontra quem viu mas não olhou”. Eu não entendi nada.

- Puta merda. Já te ligo.

Cosmo voltou ao caixão aberto, puxou a tampa arranhada para perto dos olhos e vasculhou cuidadosamente as marcas. No canto esquerdo inferior encontrou o que buscava. Leu a inscrição sem acreditar e discou o número de Odair.

- Alô.

- “É no chuê, chuê. É no chuê, chuá.
A picanha está na água quero ver quem vai buscar.”

- Ãh?

- O velho quer levar a gente de volta para aquela piscina, Odair.

- Puta merda, Cosmo, não pode ser. Eu nunca voltei lá depois daquela tarde.

- Eu vou e você também vai. A gente se encontra lá em uma hora. Eu não vou deixar aquele puto levar a melhor. Ele quer jogar pesado? Vamos jogar pesado. Eu pego essa herança nem que tenha que encontrar com ele no inferno, velho desgraçado.

**

Estacionaram os carros na entrada de paralelepípedos e desceram, pés pisando nas folhas espalhadas por todo o lugar. As paredes descascadas e as trepadeiras secas à luz da lua davam um ar ainda mais sinistro à casa que tinha sido o palco de todos os seus pesadelos nos últimos 15 anos.

Pularam a cerca de bambus que circundava o quintal e aos poucos sons familiares lhes alcançaram os ouvidos. “É no chuê, chuê. É no chuê, chuá. Não quero nem saber. As águas vão rolar.” Com o coração aos pulos e os olhos arregalados, se entreolharam.

Um sussurro lhes chamou a atenção e só então perceberam a figura de costas na churrasqueira, a fumaça cinza contra o escuro da noite e o cheiro de picanha argentina no ar.

*****

O final da história você lê aqui, amanhã: http://www.impressoesemdesalinho.blogspot.com/

7 comentários:

Marina F. disse...

puuuuxaaaa que mááááximoooo...adorei.
bjs.

Luli disse...

Ahhhhhhhhhhhhh!!!!!!!!!!!! Tá ficando bom, tá ficando bom. Amanhã vocês saberão o final desta misteriosa história dramática.

Menininha bossa-nova disse...

Yeah!

Yeah, yeah, yeah!

Helena... disse...

hahaha MUITO BOM!!! adorei tbm... gente de boa, esse ai ta ficnado bom hein... rsrsrsrs bjocas!!

Luli disse...

Só quero deixar aqui registrado meu profundo agradecimento a ela: Thaisona!!! Nossa única leitora fora os próprios autores do Folhetim Vagabundo..hahaha.
Thata, vc sem dúvidas será lembrada quando nosso tão estimado Folhetim, apesar de vagabundo, se tornar um sucesso reconhecido mundialmente..ahahaha.

beijos megalômanos!!

Xangô disse...

Cadê o final ?

Cadê o FINAL ??

CADÊ O FINAAAAAAL-AAAAAAAAAAAAAH ...!

Pronto , pronto ... acalmando ... recompondo ...

Isso ... respira , respira .

Senhorita L. disse...

Saudade daqui.
ADOREI esse negócio de folhetim!