quarta-feira, 7 de maio de 2008

Campainha

Dia desses, por coisas do amor de um grande amigo meu, tivemos eu e ele que apelar para um dos hits das brincadeiras infantis de nosso tempo: tocar campainha e sair correndo.

Foi divertidíssimo. Ainda mais porque agora tínhamos aparatos muito mais desenvolvidos. Nada daquela correria desenfreada pela rua, com direito a joelho ralado no asfalto, esconderijo na moita de espinhos e vizinha mal humorada gritando pela rua. Fomos profissionais. Deixei o motor ligado, fizemos a “entrega”, entramos desembestados no carro e saímos como se nada tivesse acontecido. Depois retornamos, passamos novamente em frente ao alvo, observamos a reação causada e seguimos, ofegantes, cheios de adrenalina e rindo como loucos.

Incrível como é fácil e divertido ser criança quando somos adultos. Os brinquedos são melhores e mais aparelhados (temos carros, motos, GPSs, celulares e por aí vai), não há (normalmente) a possibilidade de surras ou horário limite para parar de brincar. Somos donos de nosso tempo, de nossas coisas, de nossos narizes.

O problema é que somos donos de tudo isso mas não dominamos mais o riso fácil, descompromissado, inocente. Esquecemos dos prazeres simples e sinceros das brincadeiras infantis na busca por conteúdo, significado. O corpo é o mesmo, espichado, a alma é a mesma, presa lá dentro, mas algo mudou. A imaginação por si só não é mais suficiente para garantir a viagem.

O episódio da campainha me mostrou, entretanto, que as coisas mudam porque queremos assim. A graça dos prazeres infantis continua lá, apenas não lhe damos espaço.

Um comentário:

Anônimo disse...

Adorei essa história! Queria conhecer esse teu amigo... quem é o sortudo que recebe tanto amor, puro e verdadeiro como só uma criança poderia sentir?!
Beijão, aventureira errante!!