terça-feira, 16 de setembro de 2008

Coreografando

Coreografar sozinha é o ó, ainda mais quando se tem uma memória de peixe como a minha.

Ligo a música, começo a viajar nos movimentos, me deixo levar... Legal isso, dá prá usar. Paro a música para anotar a tal coisa legal e... O que era mesmo? Vixe, não lembro. Toca ligar a música de novo, percorrer o mesmo caminho corporal, botar no tempo, ou no contra-tempo, toca correr para o caderninho com a música ainda tocando e rabiscar as referências do jeito que dá, antes de esquecer tudo de novo. Ôxe.

Mas não é só isso. Coreografar sozinha é um porre porque você cria o movimento, mas não consegue ver a coisa do jeito que ela é pra ser de verdade. Você olha de rabo de olho, entorta a cabeça e vê alguma coisa no espelho que te pareceu legal, mas vai saber... Bom mesmo é ter um parceiro que te deixa viajar na maionese, olha tudo e depois diz: isso presta, isso é muito bom, abandona, abandona, nem pensar naquela perninha brega e por aí vai.

Sexta-feira eu tinha que coreografar uma cena do musical que passasse a idéia de oferendas de ano novo, remetendo a rituais religiosos. A música é o hit da peça, super animada, super prá cima, uma delícia de ligar no máximo e sair chacoalhando e fervendo sem parar. Essa era a idéia. Então tá. Liguei a música e comecei a mexer. Saltinho, saltinho em attitude, braço, rond, ombro de lado, mãos estaladas, um charminho estilo Bob Fosse... Nãããão, pára tudo. Tava tudo indo bem até o rond. O quadril duplo, o ombrinho de lado e o charminho não têm nada a ver com os tais rituais religiosos! OK, controle-se mulher. Começo de novo e lá vêm, sem que eu possa evitar, o ombro provocando e o quadril remexendo.

Meu quadril e meus ombros têm vida própria, não adianta. Eu não tenho nenhum poder sobre eles quando a música é boa e a roupa deixa. Eles piram mesmo e isso é ótimo quando a coreografia permite. Acontece que nesse caso específico eu comecei a ficar preocupada. Caraca, eu não estou numas de coreografar coisas de Deus. A tal coreô dos rituais religiosos vai acabar virando um chamado de acasalamento e não vai encaixar muito na proposta do todo...

A essa altura, Deus deve ter pressentido na sua onisciência que a coreografia religiosa estava subindo no telhado e me enviou reforços na forma da minha amiga queridíssima, que podou todos os meus remelexos e sacolejos desmedidos, riu das minhas viagens, anotou o que ficou legal e ainda deu várias idéias das boas. E não é que no fim rolou? Saímos encharcadas, desmilingüidas, rindo que nem criança e super satisfeitas. A cena vai ficar gostosa de se ver, uma delícia de se dançar e o melhor de tudo, dentro da proposta.

Quando terminamos, ela virou para mim, acabada, e disse: “Ju, era disso exatamente que eu tava precisando depois de um dia totalmente desgraçado. Podemos fazer isso sempre?”.

Ô se podemos, meu bem. Sempre que você quiser, mesmo que não haja motivo. E desde quando a gente precisa de motivo para se acabar de dançar, certo?

3 comentários:

Eduardo disse...

Tô achando que eu quero aprender Day by Day...rsrsrsrs

Menininha bossa-nova disse...

Podar é com essa amiga mesmo, hahahaha. Adoro!!

Vcs saíram mesmo pingando de lá, fiquei até com medo... mas como eu sou incapaz pra essa coreô, nem liguei...

(funga)

Hehehehe...

Beijo de café-com-leite.

Ju Hilal disse...

Ô Juju,
Não fica assim... Se você quiser aprender, fica à vontade.
Eu até posso colocar um daqueles saltinhos que você adora...rs
Bjs