terça-feira, 14 de outubro de 2008

Ringo

Sábado comprei o primeiro presente de dia das crianças da minha sobrinha.

Na era dos brinquedos hi-tech cheios de parafernália eletrônica, fogos de artifício, sons alucinantes e efeitos especiais, eu escolhi o cavalinho de madeira que balança. Não tive nem dúvidas, optei pela simplicidade do Ringo (esse é o nome que eu dei para ele por causa de um Mangalarga simpaticíssimo que eu adorava) e confesso que a saudade falou bem forte na minha escolha.

Quando éramos pequenas tínhamos um cavalinho assim. Azul com pintinhas brancas e um nome que vivia mudando conforme os cavalos de verdade que a gente ia conhecendo. Foram horas e horas e dias e anos em cima daquele cavalinho. Quantas estradas de terra, cercas de madeira, rios bravos e campos de capim alto não foram percorridos naquelas brincadeiras. O cavalinho não decepcionava jamais. Nós é que decepcionamos o coitadinho quando paramos de ver graça naquelas cavalgadas e substituímos o vento imaginário nos olhos por outros tipos de diversões.

A Larinha precisava ter um cavalinho assim, de preferência dado pela tia aqui. Me apaixonei por ele na loja e levei para casa toda contente. Não via a hora de entregar para a piquita e rasgar aquele papelzão todo junto com as mãozinhas gorduchas da baixinha. Ela não me decepcionou.

Sentou toda valente no bichinho, segurou nas “rédeas” e curtiu o balanço que a gente providenciava, já que os pezinhos fofuchos ainda não alcançam o chão. Nas paradas ocasionais pelas cocheiras, a amazoninha chacoalhava o corpitcho pedindo mais.


Esse presente ela vai definitivamente curtir sem cansar pelos anos afora, pelas estradas de terra, pelos campos de capim alto, vento no rosto junto com a tia, seguindo logo atrás.

Nenhum comentário: