terça-feira, 1 de julho de 2008

TV a Cabo

Caraca.

Quem diria que um dos maiores desafios do ser humano na atualidade seria... Cancelar a TV a cabo.

Isso mesmo. Não estou maluca nem tirando uma.

Acabei de passar pela experiência de cancelar a minha assinatura e preciso compartilhar isso com alguém. Sobrou, obviamente, para o blog.

Segue a transcrição do meu calvário na íntegra em versão comentada:

- Boa tarde. Por favor, eu gostaria de cancelar a TV a cabo de um dos meus pontos. Disse eu, com calma e ingenuamente acreditando que seria assim: rápido, simples e indolor.

- Cancelar? A palavra foi repetida pela atendente como se fosse um palavrão de quinta.

- Senhora, por gentileza, antes de mais nada precisarei do seu código de assinante.

Forneci o código.

- Perdão senhora, não consegui localizar o seu contrato. A senhora poderia me dizer o seu CPF?

Forneci o CPF.

- Estranho senhora, não obtive nenhum registro com o seu CPF. Nome completo, por favor.

Forneci o nome completo.

- Muito estranho mesmo, senhora. Não há nenhum registro no sistema com os seus dados. Infelizmente não poderei ajudá-la se não puder localizar o seu contrato.

Como se não bastasse a mocinha me chamar de senhora uma dúzia de vezes, ela ainda não poderia me atender???

- Me desculpe mas eu não tenho culpa se o seu sistema não localizou o meu contrato. Eu tenho três assinaturas aí com vocês e preciso cancelar uma delas. Por favor, chame o seu supervisor.

A essa altura comecei a me alterar. Comecei.

- Desculpe senhora, mas eu só posso chamar o supervisor se tiver os dados do seu contrato que infelizmente não foi localizado.

- Olha, eu... Tu, tu, tu.

Caiu a ligação. Ahã.

Desaforo. Disquei o número maldito novamente.

Dessa vez não caí na besteira de dizer que queria cancelar nada. Honestidade demais não me rendeu bons frutos da última vez.

- Senhora, por gentileza o seu código de assinante.

There we go again...

Forneci o código. Dessa vez os meus dados apareceram miraculosamente no sistema.

- Pois não senhora Juliana, em que posso ajudá-la?

- Eu gostaria de cancelar uma das minhas assinaturas, por favor.

- Cancelar? ...pausa... Pois não, senhora, eu estarei transferindo para o setor responsável.

Espera, espera, espera. Senhora o caralh... Paciência.

- Boa tarde, senhora. Em que posso ajudá-la?

Respirei fundo.

- Eu gostaria, pela terceira vez hoje, de cancelar uma de minhas assinaturas.

- Pois não, senhora. Qual seria o motivo do cancelamento?

- Eu vou me mudar e não precisarei mais da assinatura.

- Certo. Podemos então transferir a TV a cabo para o seu novo endereço.

- Não, obrigada. No meu novo endereço já existe TV a cabo.

- A senhora tem certeza?

Como assim "tenho certeza"? Que tipo de tapada ele acha que eu sou?

Easy, Juliana, easy.

- Tenho certeza sim. Obrigada.

- Nós podemos, então, suspendê-la até que o novo morador do seu endereço se mude e possa usar o serviço.

Suspiro longo, áspero, quase um palavrão.

- Olhe, eu vou entregar o apartamento e não faço idéia de quem irá morar nele depois de mim. Eu REALMENTE não tenho utilidade para essa assinatura.

- Certo, a senhora pode aguardar um minutinho por favor?

O telefone emudeceu por uma eternidade. Eu olhava para a minha mesa curva-de-rio e pensava em tudo o que eu tinha para fazer até o fim do dia. Claro que eu poderia esperar, querido, take your time.

- Só mais um minuto, senhora.

Mais um senhora para a minha já repleta coleção. How delightful.

- Olá senhora, o que podemos fazer é oferecer-lhe um desconto de 40% na mensalidade por 6 meses, assim a senhora não perderá o seu pacote e ainda pagará menos durante o período.

Ainda bem que mamãe e papai me ensinaram desde pequenininha a ser bem boazinha com os outros, senão as orelhas da mãe do brasileiro FDP do outro lado da linha sofreriam combustão espontânea naquele exato momento. Inacreditável. Quem eu teria que matar para encerrar o meu maldito ponto de TV?

- Olha moço, o que eu tenho que fazer para que você entenda que eu não quero mais a assinatura? Eu não quero desconto, não quero manter o meu pacote, não quero transferi-lo, suspendê-lo, congelá-lo ou o diabo a quatro. CANCELE. Só.

Silêncio.

- Muito bem senhora. Peço então que aguarde um minuto enquanto eu gero o protocolo do cancelamento.

OK. Algo me dizia que não seria um minuto, nem dois, nem cinco. Algo estava certo. Mais de uma dezena deles se passaram até que o mala insuportável retornou com o número do protocolo e uma má vontade infinita.

Nem confiança para ele. Eu havia vencido.

Desliguei o telefone exaurida e com um mal humor do inferno, porém com a missão cumprida.

Amanhã tenho que cancelar os celulares. Um leão por dia. A batalha será duríssima, preciso estar em forma, abastecida de uma dose bíblica de paciência e descansada.

Desejem-me sorte.

2 comentários:

Menininha bossa-nova disse...

Desejo que a senhora esteja tendo boa sorte enquanto estiver cancelando seus celulares. A senhora não precisava ter passado por isso, era só estar transferindo a TV para a minha residência e estar pagando por ela pra nós todo mês. :P

Maíra Colombrini disse...

Senhora, espero que a senhora não vá estar tentando cancelar os cartões de crédito também...
Infelizmente é assim mesmo, né? Parece que os caras são treinados pra engabelar a gente. Um saco!

Bjs