quinta-feira, 13 de março de 2008

Impulse

Sabe aquela história do comercial de desodorante: “se um desconhecido de repente lhe oferecer flores...”?

Pois bem, estava eu despretensiosamente passeando com o meu cachorrinho em uma manhã ensolarada, quando vi um carro estacionar bruscamente do outro lado da rua. A porta do motorista se abriu e um rapaz que eu nunca havia visto mais gordo na vida veio em minha direção.

Rapidamente pensei: Jesus, o que será que esse sujeito está fazendo vindo como louco para cá? Será um ladrão, um estuprador necessitado, veio cobrar alguma dívida que eu não sei que tenho, está louco por alguma informação do bairro, está passando mal e precisa de ajuda, me confundiu com uma amiga de infância???

E veio chegando perto e eu pirando nas possibilidades... E chegou. Gatinho, até.

E disse: “Eu sempre passo por aqui e te vejo passeando com o cachorrinho, mas hoje eu não agüentei e precisava te dizer – eu acho você linda!”.

Respirei um pouco aliviada (mas ainda não completamente, pois imagino que maníacos homicidas também saibam ser galanteadores), dei uma risadinha sem graça e, sem saber muito bem o que responder, agradeci. E ele continuou dizendo alguns elogios até cair no lugar comum: “você é casada?”.

Respondi que não, mas que era comprometida e ele baixou a cabeça e balbuciou algo como um “que pena”. Imediatamente, pediu-me para esperar um pouco, correu para o carro e voltou com um pedaço de papel: “Para quando você não for mais. Me liga”. E sumiu tão instantaneamente como chegou, me deixando oito dígitos e sem sequer me dizer o seu nome.

Eu estava usando um desodorante, lógico, mas juro que não era o tal milagroso que provoca impulsos dessa natureza. Até porque o fulano estava passando de carro, e teria feito o que fez mesmo se eu estivesse usando essência de ratão do banhado.

Eu definitivamente tinha um motivo para continuar o meu passeio toda-toda. E continuei, praticamente desfilando para as árvores, os pedreiros e os paralelepípedos. Aquele encontro relâmpago havia sido uma dose instantânea de inflador de egos e o meu estava, naquele momento, demasiadamente convencido. E assim permaneceu por um bom tempo.

Cheguei em casa, tomei um banho de Cleópatra, coloquei uma roupa caprichada e fui trabalhar, me achando, até que os pepinos do dia me absorveram. Mas a sensação continuou.

Nunca sabemos quem ou o quê vamos encontrar no mais banal dos lugares, não é mesmo? Por via das dúvidas, use sempre um bom desodorante.

2 comentários:

Unknown disse...

Tem vários outdoors na cidade de uma clínica de estética onde a frase é assim: se de repente alguém lhe oferecer flores isso é ...E O NOME DA CLÍNICA (o qual eu não lembro).
Vc tem frequentado essa tal clínica Juliana Hilal?...rs...

Candice disse...

Oi Juju
Aqui esta a prova que eu esou lendo todos os seus textos rs!!!
Arrasando coraçoes como sempre ne... Ah e adorei o perfil!
Vamos ver se nos falamos por esses dias, e com camera heim mocinha? Preciso ver o fofucho do Lukinho, to carente de bichinhos snif!
bjkinhas