domingo, 6 de julho de 2008

O Mala da Leroy

Leroy Merlin, nove e quarenta da noite. Eu passeava tranquilamente pelo corredor central à procura de cadeiras de piscina quando um homem, marmanjo já, praticamente um senhor, começou a esbravejar chamando por um atendente.

- Onde está o vendedor para me atender aqui nas telas? Será possível?

O funcionário que estava por perto respondeu tranqüilo, apesar da grosseria do cara, dizendo que o vendedor da área já iria atendê-lo.

O mala continuou, abusando dos decibéis.

- Que porcaria é essa? Faz um tempão que estamos aqui esperando e não vem ninguém atender. Onde já se viu?

Réplica do funcionário em tom comedido.

- O senhor tentou chamar o atendente no corredor da frente?

Tréplica mal educada do mala.

- Não tentei, não. Por quê? Se eu estou aqui na seção dele ele tem que me atender, não é?

Resposta do funcionário azarado com uma paciência pau a pau com a de Jó.

- Senhor, é possível que ele não o tenha visto.

E a grosseria continuou.

- Não, não é possível. Que espelunca é essa em que você espera dez minutos pelo vendedor? É só faltar meia hora para a loja fechar que os funcionários somem.

- Se o senhor quiser registrar uma reclamação é só procurar o gerente na frente da loja.


A essa altura o esquentadinho, que já estava super em cima das tamancas, lustrou a ferradura e mordeu a chumbada, tudo ao mesmo tempo. Disse então aos brados, indo para cima do coitado do funcionário:

- Você vai discutir comigo agora, rapaz? Ein? Você gosta do seu emprego? Qual é o seu nome? Você vai ver a minha reclamação...

Vendo o caldo entornar feio, o funcionário virou as costas e se mandou, quase correndo, para o fundo da loja. Esperto.

Eu, que assisti a tudo do meio do ringue fui passando como se nada acontecesse. Não consegui, porém, disfarçar a minha cara de “se manca grosso, prá quê isso tudo? Se a sua mulher não quer nada com você há meses, vai pescar, praticar boxe tailandês ou xingar a sua mãe, não fazer furdunço aqui”. Sim, a minha cara dizia exatamente tudo isso.

Como o mala era mesmo um grosso de marca maior e não parecia ter freios ou qualquer educação, resolvi apressar o passo e cair fora antes que ele resolvesse implicar comigo por estar respirando perto dele. Não duvido nada que aquele cara batesse em uma mulher e no seu cachorrinho. Era na verdade a cara dele fazer isso.

E não pensem que se tratava de um tipo humilde, sem instrução, sem recursos e com todos os motivos para chutar a sombra. Nada disso. O cara era bem vestido, bem calçado, bem penteado e com uma mulher acoplada que gritava banho de loja e salão de beleza. Talvez por isso mesmo a atitude de rei da cocada roxa.

Fala sério, para quê? Bastava ter pedido educadamente como um ser humano normal. O funcionário estava lá, à disposição, pronto para servir à Sua Majestade o Rei Mala. Tem gente nesse mundo que gosta mesmo é de arrumar encrenca, o tempo todo, custe o que custar.

Não entendo, nunca entendi e nunca vou entender.

Pessoas cabecinha em geral agem assim e vejam no que deu: caos generalizado em progressão geométrica. O mundo seria um lugar muito mais agradável se esses figuras tomassem florais, fizessem yoga e virassem gente. Paciência, meu povo. Tolerância é a palavra da vez e faz uma diferença...

2 comentários:

Menininha bossa-nova disse...

A única vez que eu briguei em uma loja foi na Márcia Mello... porque a vendedora me chamou de cheinha. Cheinha o cu!
E mesmo assim, briguei por telefone. Hihihi.

Maíra Colombrini disse...

Eu adoro gritar com gente assim...ehehehehe! No caso com o idota, não com o vendedor.